22/11/2015
TERRORISMO VERSUS
HUMANIDADE
I – CONCEITOS E ENGANOS
Autora: Lia Pantoja Milhomens
Um homem só é nobre quando consegue sentir COMPAIXÃO por todas as criaturas (Buda) |
1. Introdução
O terrorismo e sua utilização são
fatos muito antigos, cujas raízes se
perdem no início da organização do ser humano em sociedades.
Desde a remota descrição histórica de épocas antes de Cristo, nas sociedades humanas, um observador atento
poderá encontrar, em várias de suas
oportunidades, o terrorismo, apresentado em alguma de suas inúmeras demonstrações.
Mas, até hoje, ainda não há uma
classificação científica do que ele seja. As opiniões se desdobram em debates,
visto que os órgãos internacionais não apresentaram, ainda, um conceito oficial
sobre o assunto. E os países apresentam definições diferentes. Por vezes, como
nos Estados Unidos da América, seus próprios departamentos internos oferecem posições
distintas. De conveniente é esclarecer, desde este início, que, também, nenhum Organismo
Internacional ou Estado, ou mesmo, cientista e historiador teve, ainda a
possibilidade de oferecer-lhe uma definição, ou mesmo, conceito, visto que suas
características são tão variadas e cada
ato terrorista apresenta condições
diversas, que se torna difícil a síntese de todas elas.
O Brasil ratificou as principais
convenções internacionais sobre terrorismo e colabora de forma ativa através de
várias organizações mundiais, como a ONU, a OEA e o MERCOSUL, além de fazer
parte das operações da INTERPOL, e cita expressamente a palavra “terrorismo” na Lei de Segurança
Nacional e na Constituição do País, onde o qualifica como crime inafiançável. Contudo, não apresenta uma definição
para o mesmo, não inclui como tipo penal no Direito Brasileiro, assim como não está
tipificado penalmente no Direito Internacional, que, a seu turno, também não o define.
Na Constituição Federal do Brasil:
Art. 4º. A
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios: [...] VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo”.
Art. 5º.
[...]: XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem.
Em 2013 foi apresentado um Projeto de
Lei do Senado, de número 499, que define crimes de terrorismo e estabelece a
competência da Justiça Federal para o processo e julgamento. Mas esse projeto
foi muito criticado pela Anistia Internacional, que o considerou “vago, com um claro e imediato risco de
promover a criminalização de manifestantes pacíficos e de seus direitos à
liberdade de expressão e à reunião pacífica”. E o seu exame foi paralisado.
Vejam,
abaixo, duas fotos retiradas da Internet e que ilustram bem o que acabei de
afirmar. A da criança, conhecida no mundo inteiro e que nos emocionou muito, é
verdadeira, o diagnóstico do que, há mais de cinco anos, tem sido feito na
Síria, em fratricídio terrível, sem que as Grandes Nações tivessem tomado
sérias providências para cessá-lo. Se essa criança estiver, ainda, viva, deverá
ter uns dez anos — e pergunto: como estará sua cabecinha, e a de inúmeros
coleguinhas da mesma idade, no mesmo campo de refugiados e em outros? A segunda, de um gatinho, é uma montagem, mas
poderia ser verdadeira, pois a parte SOMBRA do ser humano é capaz de infringir a
todos, neste planeta, sofrimentos tais que os tornam assim, indefesos,
aterrorizados, acuados e, finalmente, entregues:
TERROR REAL TERROR FIGURATIVO TERROR DIGITAL
|
Mas, vejam, isso não acontece do dia
para a noite. Todas as atividades de “terror” são feitas em pequenos incidentes,
mas constantes no tempo e no espaço, em datas não designadas, pois o elemento
surpresa é muito importante e o seu executor necessita demonstrar que não se
verga, não tem sentimentos e está disposto a matar e a morrer para obter o seu
fim.
Sobre sua caracterização, vejamos alguns
itens que compõe o terrorismo e opiniões e autores e especialistas famosos
sobre o assunto:
-
constitui-se, sempre, de atos de violência, levados a efeito notadamente em
períodos de paz, quando nada aponta às populações atingidas algum movimento não
pacífico de reivindicações individuais
ou coletivas;
-
compõe-se atos praticados por indivíduos (“lobos solitários”) ou organizações,
mais ou menos sofisticadas;
-
independe de inspiração ou finalidade religiosa;
-
opera-se em qualquer parte do Planeta – especialmente no Ocidente e no Oriente;
-
a cidadania dos praticantes diretos é variada, podendo serem autóctones do
local atingido, ou não;
-
as formas de realização e o tipo de
armamento variam;
-
pode ser realizado em ambiente real ou digital.
A propósito, algumas opiniões de respeitadas fontes:
1º.)
Gérard Chaliand (especialista em terrorismo) e Arnaud Blin (historiador):
embora haja uma diversidade de conceito
do terrorismo moderno, há um elemento comum no pensamento, sobre ele, nas sociedades ocidentais desenvolvidas — é o fato
de se constituírem, sempre, por atos de violência levados a efeito por
indivíduos e grupos, notadamente em período de paz. partem da etimologia da palavra
terrorismo para explicar o conceito. Terrorismo vem do terror, do
latim terrere, que significa “fazer tremer”.
2º.)
Departamento de Estado dos Estados Unidos da América:
· The term
"terrorism" means premeditated, politically motivated violence
perpetrated against noncombatant (1) targets by subnacional
groups or clandestine agents, usually intended to influence an audience.
· The term
"international terrorism" means terrorism involving citizens or the
territory of more than one country.
· The term "terrorist
group" means any group practicing, or that has significant subgroups that
practice, international terrorism. The US Government has employed this
definition of terrorism for statistical and analytical purposes since 1983. [ Ver
mais no site :
3º)
“Segundo Hélène L’Heuillet (I) é uma assimetria e um desdobramento da popularização da
violência, decorrências do surgimento das guerras totais IV no
século XIX. Influenciada pelas análises sobre conceito de guerra trabalhados
por autores como Carl Von Clausewitz e Raymond Aron, a autora
mostra que o fato de civis pegarem em armas resultou no conflito de interesses
dos cidadãos, exemplificando os movimentos de libertação nacional e de
resistência (II). Outro ponto importante para o trabalho da autora é a ligação entre
terrorismo e guerra psicológica(III), pois
a sensação de medo e insegurança de ataques iminentes gera privação da
liberdade na sociedade.”
“L’Heuillet identifica
o grupo terrorista como não possuidor de um projeto político pré-existente, ao
contrário dos movimentos de resistência e de libertação nacional, que visam um
modelo como como independência ou/e democracia.”
(I)L'HEUILLET,
Hélène. Aux sources du terrorisme. De la petite guerre aux
attentats-suicides.Paris: Fayard, 2009. p. 22.
II)Guerras totais são
guerras onde todos os esforços da sociedade estão voltados para o conflito. A
Primeira Guerra Mundial é considerada por muitos autores como a primeira Guerra
Total.
II) Guerra psicológica consiste no uso de
ações psicológicas para influenciar as atitudes dos inimigos, alcançando
determinado objetivo. Ver: LINEBARGER, Paul M.A. Guerra psicológica. Rio
de Janeiro: BIBLIEX, 1962. http://www.getempo.org
4º.)
“John Richard Thackrah afirma que o ato
terrorista é um meio de comunicação e os atentados seriam uma forma de enviar
mensagens para a sociedade e os Estados pelo mundo. (In THACKRAH,
J. R. Dictionary of terrorism. New York: Routledge, 2004. P. 85.) http://www.getempo.org
5º) “Luigi
Bonanate :Sobre a questão da ausência de programas
políticos definidos, o cientista político Luigi Bonanate considera os grupos
terroristas como apolíticos, sem propostas construtivas, possuindo objetivo de
gerar insegurança para os países e, principalmente, para a população mundial.
Para Bonanate, os grupos terroristas atuais não agrupam massas populares em seu
torno, ao contrário de instrumentos políticos, como os partidos. Além disso, o terrorismo não distingue os
combatentes dos não combatentes, tornando possível qualquer alvo, como no 11 de
Setembro. (In BONANATE, Luigi. A guerra. São Paulo: Estação Liberdade,
2001. P. 17.) http://www.getempo.org
3. Pequeno histórico
O historiador grego Xenofonte, que
viveu entre 430 e 349 A.C. nos informa que, já naquela época o terrorismos era
praticado por governos de cidades gregas como forma de guerra psicológica
contra as populações inimigas. Sabe-se que os imperadores romanos Tibério e
Calígula, membros da Santa Inquisição, Robespierre, um dos chefes da Revolução
Francesa e seus companheiros, os integrantes da Ku Klux Klan, as milícias
fascistas e nazistas, e inúmeros outros humanos fizeram uso do terrorismo. [Veja mais em SCURO NETO, Pedro (2010).
"Sistemas de comportamento criminoso. Crime político (terrorismo)". Manual
de Sociologia Geral e Jurídica. Introdução ao estudo do Direito, instituições
jurídicas, evolução e controle social, Saraiva (7ª edição), pp. 116-117.]
Segundo
Gérard Chaliand (especialista em terrorismo) e o historiador Anaud Blin, todas as sociedades despóticas são fundadas sobre o
medo, citando casos como o primeiro Império Mesopotâmico de Sargão de Acádia
(2300 – 2215 A.C) e o primeiro império militar da antiguidade, os Assírios.
Estes exemplos foram dados por estes especialistas para confrontar o debate
acadêmico, onde a palavra terror na política é utilizada somente a partir da
Revolução Francesa. (In CHALIAND,
Gerard e BLIN, Arnaud. The history of terrorism: from Antiquity to
Al-Qaeda. Londres:
University of Carolina press, 2007. P. [vii-viii.]
Atualmente (2015), o terrorismo possui
uma grande vantagem para seus praticantes: baixo custo, aliado a grande
devastação e operação simples (comparado ao planejamento de uma ação de forças
regulares), levando grupos dissidentes a utilizar esta tática para atingir
determinados objetivos, contra maiores forças. Então, podemos partir
do princípio que tal prática só pode ser realizada, da forma como é conhecida
atualmente, com a ascensão dos conflitos assimétricos, principalmente a partir
dos anos 1990. (SILVA,
F.C.T. Introdução: as guerras e as revoluções no século
XX. In: SILVA, F.C.T (org). Enciclopédia de guerras e revoluções
do século XX: as grandes transformações do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro:
Elvesier, 2004.) In: http://www.getempo.org
4. As fases e tipos do terrorismo
Apesar de não haver uma definição
oficial, podemos identificar duas fases do terrorismo no tempo: a Antiga e a Moderna, em que se encontram
algumas diferenciações.
A Fase
Antiga se inicia no século I e vai até o século XVIII de nossa era. Os movimentos
terroristas mais conhecidos, durante esse período, são os sicários e os assassins.
O sicário era o
componente de um grupo fundamentalista separatista dos zelotes judeus, que,
desde antes da destruição do Templo de Jerusalém, em 70, com a finalidade de
expulsar os romanos e seus simpatizantes da Judeia, os matavam,
indiscriminadamente usando adagas curtas, denominadas sicae, com o intuito de não só exterminá-los, mas
fazer com que outras pessoas, por terror da morte aplicada, desistirem dessa simpatia. Os segundos, assassins,
eram de uma ordem oculta, um bando de assassinos muito bem treinados para esse
fim, que estavam sempre encapuzados e matavam
adversários de sua seita, chefiada por Hassan e utilizavam lenços para estrangular as
vítimas e cortá-las com adagas.
Na
Fase Moderna, o terrorismo é mais contra
sociedades organizadas em Estados, procurando minar a segurança pública, a
economia pública e enfraquecer as autoridades, para, em uma segunda etapa,
penetrarem sem necessidade de grandes exércitos (que não possuem, porque são
organizações não estatais fracas) e, pelo menos conseguirem alguma fatia do
poder constituído para si próprias, quando não, a sua integralidade. Ela se
inicia na segunda metade do século XVIII, na Europa, com grupos extremistas de
anarquistas que pretendiam criar um Estado sem governo e faziam ataques contra a vida de governantes.
Daí em diante temos o terrorismo revolucionário, já no final do século XIX e início do século
XX, cujos membros ficaram conhecidos como “guerrilheiros urbanos
marxistas (taoístas, castristas, trotskistas e leninistas, os principais). E,
também, o terrorismo nacionalista, formado por grupos de etnias que pretendem
formar um Estado dentro do próprio Estado, o que aconteceu na Espanha, com os
Bascos (ETA) e na Irlanda, com o conhecido IRA, os Curdos na Turquia e no
Iraque e os Muçulmanos na
Caxemira. O Grupo Baaden-Meinhof, instalado na Alemanha, que chegou a ser
considerado uma guerrilha urbana, foi extinto e considerado de criminosos
comuns. Houve, ainda, organizações
paramilitares terroristas nas Américas :
terrorismo racista, de
extrema direita, cujo mais famoso seguidor
foi Timothy James McVeigh, que praticou o atentado de Oklahoma, com a morte de
168 pessoas, em 1995 ; e, na Colômbia, as conhecidas FARC (Forças Revolucionárias da Colômbia),
consideradas guerrilhas de esquerda que chegaram quase a desestabilizar o próprio
Estado, praticando sequestros de autoridades nacionais e internacionais,
ligando-se ao tráfico de entorpecentes e sequestrando crianças da área rural
para transformá-las em seus guerreiros.
Até,
mesmo, armas biológicas são utilizadas, desde o século XX, como o ocorrido no Japão:
o grupo sucessor do culto Aum
Shinrikyo matou 12 pessoas e feriu 5.500 em 1995 um ataque com gás no metrô
de Tóquio. O mais assustador é que, ainda em nossos dias, ainda tem uma
participação ativa de cerca de 1.300 membros e recruta mais gente a cada ano.
É, justamente, esse aspecto do recrutamento
que deve ser bem estudado por nós todos, cidadãos e autoridades dos Estados
constituídos, para que possamos identificar uma forma de estancar o crescimento
desses grupos terroristas, senão poderemos chegar a uma situação limite muito
perigosa. Sobre esse assunto terei a oportunidade de apresentar alguns eventos capazes de enfraquecer o discernimento de jovens, indicando, por outro lado, o que ainda poderia ser levado a efeito para uma geral proteção dos mesmos. Estarão contidas na 2ª. Parte do presente
trabalho, a ser postada ainda esta semana.
Ainda
há o terrorismo de Estado, quando as
forças que alcançam o poder máximo de uma Nação passam a praticar atos
contrários aos direitos humanos para manter uma população indefesa diante de finalidades
que desejam impor, ao arrepio das leis. Pode ser contra a sua própria população
e, nesse caso, há exemplo no século XVIII,
ainda, na França, de meados de 1792 (com que marca a queda dos Girondinos e a subida ao poder dos
Jacobinos), até meados de 1794, chamado “Período
do Terror” ou “Reino do Terror”. As
decapitações determinadas pelo chefe de uma ala extremista do partido jacobino
Maximilien de Robespierre , que passou a governar com poder absoluto,
determinava tantas decapitações de seus inimigos ou adversários importantes de
outros partidos, que os carrascos humanos não conseguiam exercer corretamente
seu ofício. E, penalizado com a realização mal feita, causando grande
sofrimento e dor às vítimas, um
conhecido médico ofereceu um modelo de uma , a “Guilhotina francesa”, que
Robespierre mandou construir para o hediondo trabalho. Somente na época do
governo desse líder jacobino, entre meados de 1793 e meados de 1794 (quando foi
assassinado), foram decapitados 17.000 cidadãos e, até o final de 1794, mais
5.000.
Já
no século XX, tivemos como exemplos mais famosos o fascismo e o nazismo, na
Europa. E a chamada “Operação Condor”, em ditaduras instaladas na América
Latina, até quase o final do século XX.
Ainda
podemos admitir como terrorismo de
Estado aquele ato praticado por poderes constituídos contra etnias
existentes dentro de seus território, com o fim de eliminar todos os seus
componentes, definido pelas Nações Unidas em 1948, tendo-se os mais conhecidos
exemplos ocorridos no século XX na Iugoslávia e em Ruanda:
Por
genocídio entende-se quaisquer dos atos abaixo relacionados, cometidos com a
intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial,
ou religioso, tais como:
(a) Assassinato de membros do grupo;
(b) Causar danos à integridade física ou mental de membros
do grupo;
(c) Impor deliberadamente ao grupo condições de vida que possam causar sua destruição física total ou parcial;
(d) Impor medidas que impeçam a reprodução física dos
membros do grupo;
(e) Transferir à força crianças de um grupo para outro.
A
partir de 11 de setembro de 2001, com o atentado às Torres Gêmeas nos Estados
Unidos, iniciou-se a era dos grandes desastres e assassinatos com armas de
última geração e até mesmo com aviões,
na América do Norte, na América do Sul, na Europa, na Ásia e Oriente e na África.
5. Todos os grupos terroristas têm fundamentos religiosos?
5. Todos os grupos terroristas têm fundamentos religiosos?
Por vezes, pode-se confundir, sim, a finalidade política da religiosa. Há os grupos, no Oriente, que expressamente afirmam a procura da formação de um Estado islâmico do tipo "Califado", formando-se, inicialmente, de componentes de determinada etnia e depois obrigando outras a sua adesão. O denominado Estado Islâmico, que, há poucos dias perpetrou os terríveis atentados em Paris , é o exemplo mais conhecido internacionalmente, até porque se tornou, em nossos dias o mais poderoso grupo terrorista, não só por ter conquistado um imenso território entre a Síria e o Iraque - onde se formou em 2004, organizando-se a partir da influência de oficiais de alto escalão do antigo governo de Saddam Hussein -, como, também, por ser um dos mais ricos e que conta com um considerável efetivo de jovens que conseguiu arregimentar em países europeus e que são "experts" em todas as artes de marketing pela Internet, fazendo uma propaganda massiva e apresentando espetáculos terríveis em vídeos, exaltando que tudo faz parte de uma ilusória condição de verdade absoluta que estão levando a efeito para levarem a efeito uma limpeza - o apocalipse -, antes de recomeçarem tudo, com a Nova Ordem, a partir deles - seria, então, a Jihade, ou "Guerra Santa".
Por que, então, há tantos grupos pregando a Jihade no Oriente, os quais, na maior parte, são inimigos uns dos outros? Exatamente porque o objetivo de cada um deles é impor a sua vontade sobre o mundo árabe e a todo o restante. Como são todos fracos, têm de se utilizar do terrorismo (assim como os antigos guerrilheiros da América Latina agiam separadamente), para ir minando a organização dos povos que pretendem conquistar. Se eles todos unissem, formariam, certamente, um perigo muito maior. E não há, mesmo, condição nenhuma para que isso ocorra. Conforme resumido acima, há terrorismo de grupos ocidentais, sim.
Mas, no Oriente, os grupos terroristas são quase que um elemento constitutivo da sua sociedade. Principalmente na África, tanto do Norte quanto do Centro e, menos, no Sul, por haver a influência de países com sério vínculo de agregação de etnias e de hegemonia de cultura ocidental, como a África do Sul. Para entendermos os motivos desses conflitos que geram esse tipo de agrupamentos dados às práticas do terror, devemos fazer um pequeno histórico.
Antes do aparecimento da figura especial e de valor impossível de ser alcançado por um ser humano comum, o Grande Profeta conhecido por Maomé (sendo o seu nome Abū al-Qāsim Muḥammad ibn ʿAbd Allāh ibn ʿAbd al-Muṭṭalib ibn Hāshim), o Oriente era constituído por tribos nômades ou povos classificados em etnias (procedentes de ancestrais diversos e que deram origem a povos diversos) diversas e, geralmente, antagônicas. O povo judaico, localizado próximo dessas outras "tribos" ou etnias, também já tivera o seu período de nomadismo e separatismos, mas, muito antes, à época de Moisés, quando o Egito era, ainda, governado por Faraós, já chegara ao nível político de se unirem em Estado Constituído, com 12 tribos que se uniram e viviam em um território determinado, sob o regime de reinado.
Pois bem, Maomé era de uma das tribos árabes, sendo mercador. E, nessa qualidade, viajou muito e conheceu muitos povos e costumes. E sonhava com um povo árabe unido e em paz. Como Moisés e outros grandes Profetas, ele era, naturalmente, observado por Poderes Superiores, que, finalmente, decidiram comunicar-se com o mesmo, transmitindo-lhe conhecimentos transcendentais, muito superiores a quaisquer outros conhecidos, notadamente por ele, que não possuía grande instrução convencional. A partir de então , tornou-se um sábio e recebeu Leis de Deus através de um Anjo, para que reunisse o seu povo e o engrandecesse. Assim o fez e conseguiu, através da Religião que inaugurou a partir de então, denominada Islamismo. Não pensem, contudo, que foi fácil para ele conseguir esse memorável feito, foram necessárias muitas batalhas. Mas, conseguiu. E, enquanto foi vivo, o Oriente viveu em paz e prosperou, tanto econômica , como espiritualmente. E eram acolhidos e bem vindos ao meio dos árabes assim unidos, os forasteiros que praticassem outro tipo de culto a Deus.
Depois da morte de Maomé iniciaram-se cisões, tanto das antigas etnias quanto de pessoas que seguiam interpretações diversas do Alcorão, levadas a efeito por alguns parentes ou pessoas mais chegadas ao Profeta, nascendo outras etnias, conforme fossem as pessoas adeptas desse ou daquele novo doutrinador, havendo muitas guerras entre todas. E, novamente, houve o separativismo: cada grupo dava uma interpretação ao Alcorão, o Livro Sagrado, que continha as determinações de Deus através do seu Anjo, compiladas pelo Grande Homem. Ele equivale para nós, como a Bíblia Sagrada ou o Torá, dos Judeus. Devemos nos recordar de que, somente a Bíblia cristã possui mais de 9.000 interpretações conhecidas, além daquelas individuais, não conhecidas em grande escala. E que o Torá também possui algumas interpretações, havendo divisões religiosas.
No Oriente Médio , de onde procede a maior parte desses grupos fundamentalistas orientais, foi mais forte a interligação entre Religião e Política, com precedência dos preceitos da primeira pela segunda, conforme a interpretação de cada líder religioso, que se tornou, também, líder político. Israel também foi assim, mas, depois, quando estiveram dispersos pelo mundo, tomaram contato com o Ocidente, onde passou, desde Cristo, a haver uma religião que foi um desdobramento e modernização de conceitos judaicos , o que não ocorreu com o restante do Oriente. E, ali, continuaram os árabes em lutas religioso-políticas, aparecendo vários Estados denominados califados (1).
Muitos séculos se passaram, ocorreram as Cruzadas, que constituíam lutas enormes entre Cristãos (ocidentais) e Islâmicos (orientais), seguidores de Maomé, pela posse de Jerusalém , cidade considerada Santa, por ambas as religiões e mais a dos Judeus, que haviam sido retirados e expulsos de lá. E, por outro lado, o Ocidente e o Oriente Médio brigando entre si, em guerras de conquistas, ora um vencendo, ora outros. Com esses contatos também houve mudanças e intercâmbios culturais e os antigos Califados passaram a formar Estados, como no Ocidente. Um desses Estados era o Império Otomano, que abrangia um grande território, com diversas etnias.
Com o advento da 1a. Grande Guerra Mundial, o Império Otomano entrou no conflito e foi derrotado, tendo Istambul invadida pelos ingleses e franceses. Nem todo o Oriente Médio, contudo, era dominado por aquele Império, pois algumas etnias continuaram separadas, ocupando um ou outro território. Encerrado o conflito, ele se rendeu e o seu território foi todo dividido em pequenos Estados, através de um tratado que lhe foi imposto, misturando povos e etnias que não mantinham relações. Ao que parece, na ocasião, os vencedores não estavam muito a par do grande problema que era o verdadeiro ódio entre várias etnias, que misturaram, retiraram de suas naturais regiões, reunindo-as em novos territórios, com novas fronteiras, sem consultarem os Árabes. Alguns desses Estados ficaram sob o protetorado, que, na verdade, chegou a ser colonialismo, uns dos ingleses e outros dos franceses. E passaram a existir muitos conflitos pelo fato das etnias assim reunidas contra sua vontade, em que as Metrópoles agiam firmemente, ora desgostando uma, ora outra. Até depois da Segunda Grande Guerra, essa situação foi se deteriorando, quando se criou a ONU e, por influência desta, foram encerrados, até o fim do Império, todas as colônias e protetorados, tornando-se países independentes. Mas os antigos países colonizadores deixaram como Imperadores, Reis ou Ditadores, ali instalados prepostos seus, de determinada etnia, que, com o correr do tempo perseguiam as outras. No final, ou foram destituídos pelos próprios componentes dos Estados assim formados artificialmente, como ocorreu no Irã, ou, mesmo, por países Ocidentais, como, por exemplo o Iraque.
Muitos naturais das antigas colônias migraram, depois da independência e, ainda continuam, para as antigas metrópoles. Atualmente a Europa já conta com a 1a. geração nascida desses migrantes, já com a nacionalidade europeia respectiva. A maior parte conservou a religião islâmica, eis que , em todos os Países Ocidentais com pelo menos mediano desenvolvimento intelectual, impera a liberdade de culto religioso.
Depois da guerra do Iraque, este ficou completamente destruído e as etnias ali existentes, anteriormente em conflito, mas tendo uma administração central coordenando a vida no país, vendo-se, assim, sem um poder central forte, passaram a brigar entre si para alcançar esse poder. As duas principais são os xiitas e sunitas . O ódio entre eles é tão grande e foi se desenvolvendo a partir de então, que ser de uma ou de outra pode significar a vida ou a morte de um indivíduo.
O grupo Estado Islâmico é sunita e começou a se organizar durante a guerra do Iraque. Depois tornou-se opositor armado do governo da Síria e, finalmente, decidiu tornar-se o Estado, na forma antiga, do Califado, tendo em sua chefia altos militares do ditador iraquiano derrotado. Daí em diante foi dominando territórios, na Síria e no Iraque, tornando-se poderoso e praticando terrorismo internacional, e seduzindo a primeira geração dos filhos dos emigrantes das antigas colônias do Oriente Médio, rapazes e moças com ótima educação de nível superior, para o seu projeto.
6. Como opera a continuidade do terror no ser humano?
Chuck Hagel, que foi secretário de Defesa dos Estados Unidos até pouco tempo, "disse que o EI era um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes obtidos por meio de financiamento externo". (In http://hypescience.com/historia-bizarra-da-origem-do-isis-um-dos-grupos-mais-radicais-existentes-hoje/) Outros grupos, assim como o ISIS ( também conhecido como EI, de Estado Islâmico), mas de menor poderio, também se amparam em errôneas interpretações de textos ou de frases religiosas pinçados do contexto geral do Livro Sagrado, para justificar seus atos horríveis, sentindo-se ou aparentando se sentirem amparados em determinações de Deus, que denominam Allāh. E, assim, entendem que o estão cultuando, seguem em frente e vão avançando no seu objetivo de imporem sua vontade, através dos fundamentos religiosos que alegam defender, por isso mesmo denominados "fundamentalistas".
Em algumas ocasiões, a meta desses grupos é religiosa, mas a sua percentagem em relação ao total é muito pequena, em todo o mundo. E, por outro lado, não é no Ocidente que se dá o maior número de atentados terroristas, mas, sim, no Oriente, pois, lá, existem inúmeros grupos. É de salientar os atentados do Boko Haram, que tem por objetivo derrubar a Democracia na Nigéria e instalar um Estado Islâmico. Para tanto produz atos de terrorismo mesmo ali. O mais conhecido do Ocidente foi o sequestro de mais de 200 meninas em um colégio, em Chibok - "segundo sua interpretação da aya 33.50,do Alcorão, essas meninas assim capturadas são estupradas por grupos deles, até que se convertam a eles e, então, casam com seus torturadores". (In https://pt.wikipedia.org/wiki/Boko_Haram)
Como pode se iniciar o agrupamento de pessoas em torno de um chefe de um grupo desses, chegando a praticar os atos terroristas ? Ele pode começar de maneira insidiosa
no coração ou na mente de pessoas crédulas, ou a força. No primeiro caso, o que adere se sente objeto de um sentimento
de rejeição ou de agressão contra o qual se sinta fracos para reagir
e procuram se unir a outros, com o mesmo pensamento, em ações pequenas e isoladas . No segundo, quando pretende alcançar o poder e não tem forças suficientes
para tanto, e vai conseguindo que as pessoas, vitimadas ou que assistam aos seus atos terroristas, fiquem apavoradas e cheguem a uma descoordenação psíquica, aceitando suas ordens - e, depois, se tornando um igual. Em ambos os casos, de forma inteligente (já aqui desprovida de
sentimentos e composta apenas de lógica, estratégia, paciência e persistência),
procura minar a resistência dos que entendem serem os seus opositores, com
atos pequenos demais para caracterizarem uma guerra, mas, com suficiente significância para instalar nas mentes deles uma certeza psicológica de
que um grande mal lhes ocorrerá, em qualquer momento, em qualquer lugar e em
qualquer atividade que estiverem executando.
E esse constante ataque enfraquece, significativamente, cada vez, mais, o "inimigo", pois
atinge as bases de segurança do seu Eu e afeta, de forma desalentadora, a sua capacidade
de reagir isto é, esse método consegue desintegrar um oponente de dentro
para fora, deixando-o quase inerte, sentindo-se já derrotado, mesmo sem ter sido fisicamente tocado, poupando ao grupo atacante combates em guerras materiais que não podem sustentar.
Acima de tudo, o terror é uma arma
psicológica, mesmo que utilize armas convencionais e outras ferramentas
materiais para atingir o seu fim: tais como bombas, ataques com armas de fogo
ou armas brancas, e armas biológicas.
O terror é uma técnica de incalculável capacidade
de destruir - ou matando, ou apavorando, ou seduzindo. Sim, não estranhem, seduzindo. Mesmo provocando o medo, por vezes consegue atrair, insidiosamente, com atos chocantes e mídias bem elaboradas, o respeito e, depois, a vontade de participar daquilo para se empoderar, naqueles que ainda não alcançaram a capacidade de dominar seus mais poderosos inimigos internos:
- no cérebro, soterrada na sua mais profunda zona, a mais antiga e primitiva característica, o lado selvagem do animal humano : a que os cientistas chamam "Cérebro Reptiliano", e controla o seu lado mais primitivo e instintivo de predador ou de presa (ele faz com que um homem cace e mate por prazer, diferentemente dos outros animais, ou se paralise de terror, como uma presa);
- e, ainda, em nosso inconsciente, o que a Psicologia denomina "A SOMBRA", ente desprovido dos ideais de grandeza e amor da nossa espécie e do desejo de trilhar o caminho da evolução.
No dizer de Darwin, em seu famoso trabalho sobre a origem das espécies, ainda existe em nós o “selo” ou a herança que veio do animal primitivo de onde procedemos — afinal, já fomos presas e agora somos predadores. Por isso, guardamos, igualmente, em nosso inconsciente individual e no inconsciente coletivo, o fatal “deslumbramento” pelos atos, tanto de um, quanto de outro aspecto animal : a dicotomia humana entre o terror da presa e o prazer do predador. E é no domínio desses perigosos inimigos internos, que muitos já possuem, que reside o nosso escudo e a nossa fortaleza, que os responsáveis pelas crianças, pelos jovens e pelos cidadãos deverão aplicar as defesas da nossa espécie. Nem mesmo os terroristas, se já houvessem evoluído a ponto de dominar esses inimigos, teriam chegado a esse ponto. Mas, como eles, antes de se tornarem o que são hoje, existem muitos, com esse perigo interno ainda em estado latente, em todas as partes do mundo. É preciso, pois, que todos contribuamos, fazendo com que se fortaleça a psique humana, para que, enfim, encontremos a PAZ.
- no cérebro, soterrada na sua mais profunda zona, a mais antiga e primitiva característica, o lado selvagem do animal humano : a que os cientistas chamam "Cérebro Reptiliano", e controla o seu lado mais primitivo e instintivo de predador ou de presa (ele faz com que um homem cace e mate por prazer, diferentemente dos outros animais, ou se paralise de terror, como uma presa);
- e, ainda, em nosso inconsciente, o que a Psicologia denomina "A SOMBRA", ente desprovido dos ideais de grandeza e amor da nossa espécie e do desejo de trilhar o caminho da evolução.
No dizer de Darwin, em seu famoso trabalho sobre a origem das espécies, ainda existe em nós o “selo” ou a herança que veio do animal primitivo de onde procedemos — afinal, já fomos presas e agora somos predadores. Por isso, guardamos, igualmente, em nosso inconsciente individual e no inconsciente coletivo, o fatal “deslumbramento” pelos atos, tanto de um, quanto de outro aspecto animal : a dicotomia humana entre o terror da presa e o prazer do predador. E é no domínio desses perigosos inimigos internos, que muitos já possuem, que reside o nosso escudo e a nossa fortaleza, que os responsáveis pelas crianças, pelos jovens e pelos cidadãos deverão aplicar as defesas da nossa espécie. Nem mesmo os terroristas, se já houvessem evoluído a ponto de dominar esses inimigos, teriam chegado a esse ponto. Mas, como eles, antes de se tornarem o que são hoje, existem muitos, com esse perigo interno ainda em estado latente, em todas as partes do mundo. É preciso, pois, que todos contribuamos, fazendo com que se fortaleça a psique humana, para que, enfim, encontremos a PAZ.
Isto tudo quer dizer que o terror nos
torna irracionais: por vezes, essa irracionalidade se deslumbra tanto com esse
terror, pois ele não deixa de ser sedutor, para um predador inteligente, que
sucumbe ao seu chamado e passa a ser seu
seguidor, mais um cérebro a aumentar
o nível de elaboração de suas
atividades, sempre voltadas para o mal. E, outras vezes, esse “deslumbramento”
inspira um sentimento de incapacidade de se defender, ou da vítima,
que acuada em um canto, já exauriu todas as suas forças e, finalmente, se
entrega ao predador para que ele se satisfaça no famigerado festim.
Mas, vejam, isso tudo não acontece do dia
para a noite. Todas as atividades de “terror” são feitas em pequenos incidentes,
mas, constantes no tempo e no espaço, em datas não designadas, pois o elemento
surpresa é muito importante; por outro lado o seu executor necessita demonstrar que não se
verga, não tem sentimentos e está disposto a matar e a morrer para obter o seu
fim.
7. E, afinal, o que é e para que serve o
“terrorismo”?
Em um conceito resumido, terrorismo é o
modo de impor a vontade pelo uso sistemático do terror, com o emprego
da violência, visando a fins políticos.
Dentro desse conceito, podemos, pois,
concluir algumas características das ações dos terroristas, sejam os chamados
“lobos solitários” ou componentes de organizações:
1)
A finalidade de um ato de terror de uma
organização terrorista, como o das Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, ou os do
13 de novembro passado, em Paris, não é, exatamente, ferir aquelas pessoas
atingidas: esses dois atos são “atividades-meio” para obterem, a mais longo
prazo, com constantes repetições, a
“atividade-fim”, que é o desmoronamento de uma sociedade;
2)
A finalidade de um ato de terror de um “lobo solitário” é um protesto extremo
de um indivíduo que se ressente de uma sociedade que não o acolhe ou o incomoda
(como se estivesse sofrendo um grande “Bullying” social), desejando, ao mesmo
tempo, alcançar a admiração de grupos terroristas a quem desejariam servir, mas com um
apresentação de um elemento forte e independente, sem vínculo de subordinação
- um autônomo, uma espécie de “colega”
ou “comparsa” - , que, muitas vezes, tem seu ato encampado pela organização de sua preferência;
3) As finalidades das associações terroristas
sempre se apresenta como de natureza
sociológica, fazendo parte da
atividade humana como “ser político”, conforme nos denominou
Aristóteles. A finalidade teológica, por vezes é invocada apenas para obter
mais asseclas, iludidos com a
apresentação de citações de livros sagrados, geralmente mal interpretadas, eis
que não procedem de fontes oficiais da
religião invocada, mas de indivíduos que procuram tornar “profanas”, no sentido
de populares, revelações transcendentais
e santificadas, que, por falta de estudo ou de iniciativa espiritual, procuram
confundir conceitos e pessoas menos instruídas no assunto em alguma coisa
politizada. Quase todas as religiões do
mundo já foram vítimas desse aproveitamento. Permito-me não citá-las, por
respeito e porque os fatos são notoriamente conhecidos. Como exemplo daquelas
que jamais invocaram fundamento religioso, temos, por exemplo, as FARC, na Colômbia, o IRA, na Irlanda e o Al-Qaeda, no Afeganistão;
4)
Certas organizações terroristas são denominadas de “fundamentalistas”,
justamente porque pinçam algumas declarações
de alguns trechos de livros
sagrados, que, separadas do contexto, podem perder seu sentido teológico e serem apresentadas, por alguém inteligente,
como sendo um exercício de leitura do
fato. Isto, para qualquer intérprete, está errado, porque não se faz interpretação
literal de um texto, notadamente quando se trata de um texto legal ou
religioso.
A Hermenêutica (interpretação) do
texto religioso faz-se como a Hermenêutica da Lei (pois os livros religiosos
apresentam leis sagradas). O ideal seria o próprio legislador ou o Profeta que
disse as palavras sagradas explicá-las, mas, depois de morto isso não é
possível. E, dessa forma, apenas pelo “espírito da lei” é que se pode, atualmente,
com as descobertas da atualidade a serem adotadas pelo intérprete, como tão bem
colocou Agostino , é que pode ser levada a efeito a interpretação. E, somente
pessoas com muito estudo a respeito são capazes de aplicar adequadamente os
métodos necessários. Ao que tudo indica nenhum dos chamados “fundamentalistas”
religiosos têm apresentado para sustentar suas causas – sendo de qualquer
natureza – algum intérprete conceituado e aceito pela maioria dos fiéis de uma
determinada FÉ: é o caso, por exemplo, de fundamentalistas cristãos que não
fundamentam suas práticas terroristas em Agostinho de Hipona ou Tomás de Aquino
, ou fundamentalistas islâmicos que não fundamentam as suas em ensinamentos de
Averrois e Avicena. Cito os quatro por
serem os mais conhecidos e aceitos, havendo, naturalmente, outros grandes
Teólogos, em ambas as religiões, de grande monta, também não invocados.
TOMÁS DE AQUINO AGOSTINHO DE HIPONA
|
Então,
ainda não se viu, até o momento, nenhum grande intérprete, quer da Teologia
Cristã, como Tomás de Aquino ou Agostinho, ou da Teologia Islâmica, como
Averrois e Avicena, para não citarmos outros também de grande envergadura
intelectual e espiritual, pregarem o “terrorismo”, de qualquer fonte que
provenha.
AVICENA AVERROIS
|
É interessante, a esse passo, citar-se
frases dos quatro grandes filósofos e intérpretes, sobre religião e Deus, que
nos mostram de forma inconfundível, que um homem ou mulher religiosa ou moralmente elevada não pode, de forma
alguma, invocar Seu nome para praticar o mal:
Averrois: “O
mundo está dividido entre homens com inteligência e sem religião, e homens com
religião e sem inteligência”.
Avicena: “Em
sentido metafórico, entende-se a palavra luz, o bem e a causa que o produz;
quero dizer com isto que Deus, Exaltado seja, é um bem em si, e, acima de tudo, é
a causa de todo bem”.
Tomás de Aquino: “De
Deus nós sabemos que existe, que é causa de todos os seres e que é infinitamente
superior a tudo. Isto é a conclusão e o ponto culminante do nosso saber nesta
vida terrena”.
“Pois é muito mais grave corromper a fé, da
qual vem a vida da alma, que falsificar dinheiro, pelo qual a vida temporal é
sustentada”.
Agostinho de Hipona: “Não
é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade
ou a malícia”.
"Com a corrupção morre o corpo, com a
impiedade morre a alma."
Fontes
na INTERNET :
http://www.getempo.org
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(1) Califa : "do árabe خلافة , transliterado para khilāfa , que é a forma islâmica monárquica de governo; representa a unidade e liderança política do mundo islâmico. A posição de seu chefe de Estado, o Califa, baseia-se na noção de um sucessor à autoridade política do profeta islâmico Maomé" . In https://pt.wikipedia.org/wiki/Califado ).
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(1) Califa : "do árabe خلافة , transliterado para khilāfa , que é a forma islâmica monárquica de governo; representa a unidade e liderança política do mundo islâmico. A posição de seu chefe de Estado, o Califa, baseia-se na noção de um sucessor à autoridade política do profeta islâmico Maomé" . In https://pt.wikipedia.org/wiki/Califado ).